sábado, 15 de junho de 2013

Dois Acordes Acordam o Monstro



O homem perdido em suas certezas
Não vê com clareza e submerge no mar
Pobreza que vê na riqueza
Nobreza à avareza
servir-lhes o café
Senhores de nossa folia
Donos de nossos dias
Que ainda virão
Eles virão como um sonho
Sem cão e seu dono
Para lhe pegar

Estou com medo
Ele não para de me olhar
Pra onde eu vou, eu sei que ele vai está
Olha-me com o olhar
De quem sabe meus medos
Ele está mais mim
Do que eu mesmo
Meu sistema neural lhe reconhece
Pelas peças implantadas
E pelas minhas preces
Cativeiro no império do serrado
Ideologias raptadas
Do nosso cercado
Pelo pouco que oprime
Pelo muito que redimi
Pelo monstro que mostra minha cara
Pelo espelho que me deu
O ricocheteio do centeio
Iluminando toda minha fala

Olhares de vidro a espreita
Só pra ter certeza
Se tudo vai bem
Paranóia me ceda está bóia
Vou em cima à glória
Só pra respirar
Meu livro me livra da TV
Livre-me de você
a me teleguiar
Seus rádios e jornais infectados
Manipulam os meus dados
Só pra eu não jogar



sexta-feira, 3 de maio de 2013

O cara jaz

Preludiando o desespero
Noticiada pelo ardina
Como queima de arquivo
Como carne em oficina
Entregada como erro
Ao errante da esquina
Que com um dedo aponta a vida
Com o outro a extermina.

A Spica:Alpha de Virginis
No estandarte nacional
Um Estado de tão grande
Uma nação setentrional
Mas ainda tão distante
Fundo, profundo e discrepante
Vidro em redoma na voz que grita
E silencio ecoa injustiça.


Cruzou a ordem sem progresso
Não sei por que ela esta só lá
Não sei se por seu brilho
Ou apenas pra isolar
O El Dorado ainda esconde
Pelas curvas do horizonte
Reluzente e impregnante
A oficina, a morte, o homem.

Não entendemos este ponto
Que na nossa terra existam
Grilos cantando de outros cantos
Trópico europeu em contraponto
Justiça cega, subornável e fraca
Tem que haver um basta,
Mas não na vida de quem gasta
O pouco pra sobreviver.


O grilo no Pará canta:
Ceifa capataz
Na lápide foi escrito
Aqui, o cara jaz.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ato Heroico


Faz-se qualquer canção
No espaço ou na guerra
Ilusão ou profissão
Profusão que se espera

No marco histórico
Num ato heroico
De um Estado laico
E o malaco da esquina

Que salve este dia
Que mova melodia
Que desprenda o mundo
Desta tecnologia

Desvire o avesso
Que siga com os tropeços
Que faça da voz lida
de uma vida esquecida

Porém qualquer desvio,
desencontro ao entendimento
O importante não importa
E pra rimar direi, lamento.